via De Rerum Natura
Encontra-se por vezes em alguns textos uma confusão filosófica elementar que importa esclarecer. É o tipo de coisa tão elementar que, uma vez esclarecido, parece um espantalho: parece que ninguém poderá fazer tal confusão.
Mas isso não é verdade. A confusão em causa é entre uma verdade e a crença de que algo é verdade. A confusão acontece quando se diz coisas como “No tempo de Ptolomeu, era verdade que a Terra estava parada” ou “Para Ptolomeu, era verdade que a Terra estava parada”.
A primeira locução é uma confusão explícita entre o que se pensa que é verdade e o que é verdade; a segunda para lá caminha. Porque a segunda é suficientemente ambígua para poder ser interpretada como uma afirmação verdadeira (“Ptolomeu pensava que a Terra estava parada”), é mais perigosa do que a primeira.
Isto porque as pessoas lêem e escrevem a segunda locução, tendo em mente a interpretação errada, que a faz ser equivalente à primeira — mas se alguém protesta que tal ideia é estapafúrdia, a pessoa pode refugiar-se na outra interpretação, se bem que não era isso que constituía o seu pensamento original. [See more]
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