terça-feira, 4 de setembro de 2007

Filme italiano mostra Máfia vista por seus próprios integrantes

via Estadao

Como se sente um 'soldado raso' da Máfia? A pergunta está no centro de "Il Dolce e l''Amaro", de Andrea Porporato, que estréia nesta terça como um dos três filmes italianos da competição principal do Festival de Cinema de Veneza.

Cobrindo um período de 20 anos, o filme conta a história de Saro Scordia, um rapaz esperto que cresce na Sicília e se deixa seduzir pelo poder e o dinheiro rápido proporcionados pelo ingresso na Máfia.

Depois de seu pai morrer num motim numa prisão, Saro vira protegido de um chefe mafioso local e vai pouco a pouco ascendendo na Cosa Nostra, tornando-se um matador que é enviado ao norte da Itália para atuar em assaltos e assassinatos.

Mas sua maioridade como bandido coincide com um desencanto crescente com o mundo da Máfia e seus chamados homens de honra, dispostos a mudar de lado e trair quem se interpõe em seu caminho.

Diretor jovem que já trabalhou em dramas de TV sobre a Máfia, Porporato disse que procurou explorar um lado da Máfia diferente daquele retratado em clássicos com os dirigidos por Francis Ford Coppola e Sergio Leone.

"O que é original em meu filme é que a Máfia é vista desde o ponto de um vista de um criminoso de baixo escalão, e não da perspectiva de um chefão", disse o diretor à Reuters em entrevista.

Saro é representado pelo respeitado ator italiano Luigi Lo Cascio, 39 anos, cujo primeiro papel como ativista anti-Máfia verídico morto pela Cosa Nostra nos anos 1970 foi um grande sucesso.

Saro "não se dá conta de que é o vilão", disse Lo Cascio a jornalistas após a sessão do filme para a imprensa.

"Ele vê a Máfia como referência, como modelo. A crise se dá quando ele se desilude e enxerga o vazio de tudo o que o tinha seduzido."

Uma das poucas personagens positivas no filme é a professora Ada, que Saro ama mas que recusa seu pedido de casamento porque não quer viver com um mafioso.

Apesar do tema sombrio, o filme tem seus momentos engraçados. Porporati disse que um de seus favoritos é um assalto a banco em Milão em que a caixa não entende o dialeto siciliano do mafioso que exige que ela lhe entregue o dinheiro.

"Isso faz você rir e também mostra a situação de pessoas que se sentem marginalizadas até segurarem uma arma na mão. Mas a idéia não é justificar seus atos", disse o diretor.

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