segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Irã rico, jovem e refém do atraso

via Estadao.com.br

Embalado pelos petrodólares e o programa nuclear, Ahmadinejad exporta imagem de radicalismo que não se vê na população do país.

Em agosto de 2005, quando o populista Mahmud Ahmadinejad assumiu a presidência da República Islâmica do Irã, o país ainda vivia a expectativa causada pelo lento processo de aproximação com o Ocidente iniciado pelo seu antecessor no cargo, clérigo Mohammad Khatami, um moderado.

Dois anos após a posse, Ahmadinejad consolidou uma imagem completamente diferente no exterior o de mais controvertido e ameaçador líder antiocidental do Oriente Médio.

Sob seu governo, o Irã enfrentou a comunidade internacional com um programa nuclear polêmico, aproximou-se do encrenqueiro Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e expandiu sua influência nos países vizinhos. Parte dos US$ 310 bilhões que o país arrecada por ano com as exportações de petróleo é canalizada para apoiar o Hezbollah, no Líbano, o Hamas, nos territórios palestinos, e partidos xiitas no Iraque. Por tudo isso, e também graças ao seu estilo provocador Ahmadinejad chegou a negar a existência do Holocausto, o presidente americano George W. Bush o elegeu seu principal desafeto.


A imagem que Ahmadinejad passa, ou que o Ocidente tem dele, no entanto, está longe de representar o Irã moderno, predominantemente jovem (70% da população nasceu após a Revolução Islâmica de 1979, que instaurou a teocracia no país), com acesso à educação em avançadas instituições de ensino. O maior exemplo vem das mulheres, que aprenderam a driblar leis discriminatórias e hoje ocupam 67% das universidades e metade dos postos de trabalho.

O populista ex-prefeito de Teerã foi levado à presidência pelas mãos do regime que vinha perdendo o contato com a sua base (a maioria composta de pobres e camponeses que fizeram a Revolução Islâmica), por conta da abertura iniciada por Khatami. O líder supremo, Ali Khamenei, viu no novo presidente a chance de o regime reaproximar-se do povo.

Eleito com promessas de reduzir a desigualdade, Ahmadinejad abraçou o programa nuclear que os aiatolás rapidamente transformaram numa bandeira de união nacional contra a ameaça externa. "Ahmadinejad mantém o discurso da revolução, mas voltar no tempo é impossível. Essa geração não quer revolução, e sim modernização e prosperidade", diz o analista político Mohammad Soultanifar, da Universidade de Azad. [Leia+]

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