Um grupo internacional de cientistas acaba de finalizar o projeto de uma casa espacial que poderá permitir que os astronautas tenham de 90 a 95 por cento de auto-suficiência quando eles tiverem que passar longos períodos, ou mesmo morar, na Lua ou em Marte.
O projeto, batizado de Luna Gaia, cria uma verdadeira "minibiosfera", com sistemas de reciclagem de ar e água que lembram muito o projeto Biosfera 2, construído nos Estados Unidos nos anos 1980. Oito pesquisadores chegaram a morar nesse mundo artificial por dois anos em completo isolamento, mas a experiência terminou devido a uma série de problemas técnicos. A Biosfera 2 continua funcionando como um laboratório da Universidade do Arizona.
O cientista James Chartres, que coordenou o trabalho, acredita que o conhecimento técnico avançou o suficiente para se acreditar que o novo projeto será mais eficiente. "O Luna Gaia combina nosso conhecimento atual de física, química e processos biológicos para criar um quadro abrangente de como uma minibiosfera deve funcionar," diz ele. No projeto, os pesquisadores também levaram em conta os sistemas de suporte à vida utilizados na Estação Espacial Internacional.
A palavra de ordem no habitáculo espacial Luna Gaia será a reciclagem. Todo o material em seu interior deverá ser reaproveitado, incluindo-se aí a água e até o ar. Isso deverá economizar bilhões de dólares em viagens para levar suprimentos para a base espacial.
Para ser mais eficiente e sustentável, o sistema de reciclagem deverá ser biológico, utilizando microorganismos para processamento dos rejeitos. Para não reinventar a roda, o projeto Luna Gaia incorporou duas tecnologias integradas de reaproveitamento já projetadas por outros pesquisadores.
A primeira dessas tecnologias é o CEBAS ("Equilibrated Biological Aquatic System"), um aquário fechado projetado pela Agência Espacial da Alemanha. A segunda é o MELIiSSA ("Micro-Ecological Life Support System Alternative"), desenvolvido pela Agência Espacial Européia e que utiliza micróbios para purificar a água, reciclar o dióxido de carbono e até produzir comida.
Mesmo com todos os avanços tecnológicos atuais, os cientistas afirmam que a construção do sistema Luna Gaia exigirá ainda 20 ou 30 anos de novas pesquisas, desenvolvimentos e experiências.Ainda assim, eles não se propõem a defender um sistema que seja 100% auto-suficiente. Afinal, mesmo o cultivo local de plantas não conseguirá fornecer aos astronautas todos os nutrientes que eles precisam para sobreviver. E nenhum aparato artificial é livre de vazamentos e contaminações externas.
Sem contar o aspecto de segurança. Na Terra, foi fácil desligar a Biosfera 2 e deixar os cientistas irem para casa de carro. O mesmo não é verdade quando esses cientistas estiverem no pólo sul da Lua ou no equador marciano.
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