A rádio na internet foi parar nas ondas analógicas da velha freqüência AM. E a rádio AM caiu nas ondas cibernéticas da rede mundial.
Num troca-troca inédito no Brasil, a rádio Cultura colocou o 'poder' de selecionar o que rola na programação nas mãos dos internautas. E abriu espaço para transmitir podcasts independentes produzidos por qualquer pessoa.
O projeto chama-se Radar Cultura e ambiciona, no futuro, abranger todos os veículos da Fundação Padre Anchieta. Por enquanto, é só a Cultura AM, mas deve chegar à Cultura FM, ao canal pago TV Rá-Tim-Bum e até à TV Cultura.
'Vamos permitir às pessoas votarem no que querem ouvir/assistir, e abrir espaço para que mandem material jornalístico, dicas de pauta, etc.', explica o presidente da fundação, Paulo Markun. 'Estamos sintonizados com as tendências de colaboração. Só não sabemos no que vai dar.'
A face mais visível do Radar Cultura é o site www.radarcultura.com.br Lançado na semana passada, com a presença de blogueiros ilustres e até do cantor Tom Zé, a página já permite interagir com a Cultura AM.
Dá para sugerir músicas e pautas, enviar podcasts, participar de enquetes... "O que for mais votado ou tiver maior repercussão vai para o ar", diz a diretora da rádio Cultura, Gioconda Bordon.
A página ainda abre espaço para que bandas independentes cadastrem suas músicas, que podem ser ouvidas pela internet. E, se agradar e ganhar votos, vai ao ar na rádio. Por enquanto, porém, apenas o programa Radar Cultura, da 20h às 22h, na Cultura AM, segue esse esquema. "A partir de fevereiro, teremos toda a grade comandada pelo internauta", explica Markun.
Os outros veículos da Fundação também devem passar a contar com a colaboração dos internautas no ano que vem. "Mas a TV não terá 24 horas essa participação. Será em alguns momentos", diz Markun. A Cultura FM, que toca música clássica, também não deve ser inteiramente "comandada" pelo público. "É uma rádio já sedimentada", diz Gioconda.
E, por que, então, só a Cultura AM ganhará 100% de controle pelos internautas? "Ela é uma emissora AM que toca MPB. Ou seja, está fora de contexto e disputa espaço no 'dial' com cultos evangélicos e comunicadores populares", explica Gioconda. "As pessoas não sintonizam a AM para ouvir músicas. A rádio está esquecida."
O Radar Cultura, por causa disso, busca "rejuvenescer" a rádio. "A programação agora poderá ser escutada pela internet", diz Markun. "O que esperamos é que os internautas acompanhem a programação pelo PC, no trabalho ou em outras atividades. E, enquanto isso, indicam as músicas ou os conteúdos que mais gostam."
O perfil da emissora AM não irá mudar. Continuará tocando apenas MPB. E os internautas poderão votar só em músicas desse estilo. "A maior diferença é que, agora, além de participarem, as pessoas poderão ouvir a programação com uma qualidade melhor de som. No AM, o som fica muito abafado. Já na internet, é outra coisa", finaliza Gioconda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário