quarta-feira, 19 de março de 2008

A última odisséia de um gigante da ficção científica



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DN Online

A 16 de Dezembro de 2007, ao completar 90 anos de vida, foi notícia pelo mundo fora. A sua imagem viajou pelos sistemas de satélite que ajudou a criar. Com as imagens chegava uma mensagem, em vídeo, gravada para os seus amigos e admiradores, na qual o escritor se despedia. Adivinhava um fim próximo que chegou ontem de manhã. Vitimado por complicações respiratórias morreu no Sri Lanka, o país que há muitos anos adotou como seu.

Arthur C. Clarke é, para muitos, sobretudo reconhecido pelo argumento do histórico filme de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisséia no Espaço (que também adaptou ao formato de romance, editado no mesmo ano da estréia). A história vai recordá-lo, acima de tudo, como um dos mais importantes e aplaudidos autores de literatura de ficção científica. Mas foi dos poucos que, à ficção, também juntou a ciência.

Nasceu em Minehead, em Minehead (Somerset, Reino Unido), a 16 de Dezembro de 1917, e em criança já mostrava uma particular atenção pelas coisas do espaço. Observava as estrelas e teve logo entre as primeiras leituras as velhas revistas de ficção científica norte-americanas.

Cumpriu parte do serviço militar na RAF, durante a II Guerra Mundial, como especialista em radares, somando então breves episódios de uma etapa ligada à investigação científica que dele fez ainda um dos principais contribuintes para a criação do satélite de comunicações.

É reconhecida como sua a idéia do satélite geoestacionário, pensado como o modelo ideal para criar redes de comunicação. O que a ciência e a tecnologia desenvolveram, de certa maneira, partiu dali... Foi também autor de uma série de curiosos e visionários ensaios de antecipação científica sobre a exploração do espaço nos anos 50, antes mesmo do lançamento das primeiras missões não tripuladas.

O antigo leitor de pulp magazines começou a publicar a sua própria ficção em 1946, na mítica revista de especialidade Astounding Science Fiction.

O primeiro dos seus contos de referência, The Sentinel, foi escrito e publicado em 1951, no âmbito de uma competição da BBC. Clarke mudou-se pouco depois, em 1956 para o Sri Lanka (então chamava-se ainda Ceilão), onde residiu até à sua morte, aí assinando a maior extensão dos títulos de uma obra que consagra uma visão positiva da presença humana no espaço e reflete freqüentemente sobre a eventual relação do homem com povos alienígenas ou as marcas das suas civilizações.

O seu trabalho, regular na edição, consistente na escrita, visionário nas idé-+ias, fez dele um dos "três grandes" da ficção científica, repartindo o estatuto com Robert A. Heinlein e Isaac Asimov.

Pioneiro de diversas temáticas do universo da ficção científica depois vulgarizadas por outros autores (e argumentistas ao serviço do cinema), Arthur C. Clarke foi dos primeiros a levantar o receio de impactos catastróficos de corpos na Terra (no romance de 1993, The Hammer Of God) ou a possibilidade de vida em Europa, satélite de Saturno (em 2061: A Terceira Odisséia, publicado em 1988).

Apesar da enorme notoriedade de 2001: Uma Odisséia no Espaço (e da tetralogia de romances a que deu origem), a sua obra mostra inúmeros outros momentos de grande inspiração e visão. Entre os incontornáveis conta-se a série Rama, que explora cenários de contato com outras civilizações e suas tecnologias. [+]

"Nos últimos anos continuou a escrever e a publicar, mas apenas em colaboração com outros autores. O seu nome foi dado a um um asteróide, este sendo, talvez, o maior reconhecimento para um homem que, desde menino, sonhou com o espaço."

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