via Ricardo Noblat
De Chico de Gois em O Globo:
O orçamento do Senado disponível ao público mais esconde do que mostra sobre os gastos dos 81 senadores. Uma consulta ao Sistema de Administração Financeira (Siafi) demonstra que, sob rubricas que à primeira vista nada traduzem, há gastos que saltam aos olhos pelo inusitado ou pelo valor. Por exemplo: até sexta-feira, a Casa já havia gasto, este ano, R$ 8,4 milhões com passagens aéreas nacionais e mais R$ 218 mil em tíquetes internacionais, num total de cerca de R$ 8,6 milhões em bilhetes aéreos.
Na Câmara, é possível saber quanto cada deputado gasta com combustível, contrato de assessoria e impressos, entre outras coisas; está tudo na internet. No Senado, isso não acontece. Saber quanto ganha um funcionário efetivo do Senado também é quase impossível. A intranet não informa. Só traz dados sobre os funcionários dos gabinetes que exercem cargo em comissão, isto é, não são concursados.
Ser eleito senador, ou suplente que assuma a vaga por só um mês, dá direito a facilidades, sem prestação de contas públicas, como, por exemplo, assistência médica e odontológica para si e familiares, para o resto da vida. E os ex-senadores não se fazem de rogados na hora de usar o benefício. Só neste ano, o Senado gastou R$ 520 mil com médicos e dentistas que atenderam aos ex-parlamentares. E, pelas contas disponíveis, dentistas e médicos de ex-senadores cobram caro. O paraibano Maurício Brasilino Leite, que exerceu o mandato em 1980, gastou, em fevereiro, R$ 31,9 mil em tratamento odontológico.
Valmir Amaral (DF) também andou com problemas bucais e o Senado desembolsou para ele R$ 23,9 mil. A mulher do presidente do Senado, Maria Verônica Calheiros, foi outra que sofreu com os dentes. Gastou este ano R$ 19,5 mil.
De um total de R$ 2,7 bilhões, o orçamento deste ano do Senado prevê despesas de R$ 48 milhões com assistência médica e odontológica de ser$, empregados e dependentes. Na Câmara, com 513 deputados e milhares de servidores, o orçamento reserva R$ 46 milhões para o mesmo fim. Os inativos e pensionistas do Senado também consomem mais do que os congêneres da Câmara: R$ 724 milhões no primeiro caso, e R$ 712 milhões, no segundo.Os parlamentares também têm direito a quatro bilhetes mensais de ida e volta para o $de origem, e mais uma passagem para o Rio de Janeiro, onde está a antiga sede do Senado. Há ainda gastos com diárias de servidores e dos próprios parlamentares, quando se deslocam a trabalho. Até sexta, segundo dados do Siafi, foram pagos R$ 211 mil para diárias no Brasil e R$ 226 mil para diárias no exterior".
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