O empresário Marquito Santos, do Rio de Janeiro, precisa suar muito a camisa para manter a forma física invejável que ostenta aos 72 anos de idade. Ele joga tênis cinco vezes por semana, faz musculação às terças e quintas-feiras e, nos fins de semana, relaxa praticando kitesurf. 'Não sou velho, sou antigo', diz, brincando, quando ouve elogios a seu estado de conservação. Ser ativo como Santos ainda é a forma mais eficiente disponível de lutar pela longevidade. Mas a Ciência promete, nos próximos anos, prorrogar a vida até dos sedentários.
Haverá uma pílula da juventude? Poderemos, um dia, nos tornar imortais? Essas perguntas, que parecem saídas de filme de ficção científica, são feitas diariamente e a sério por cientistas em laboratórios americanos e europeus. Eles prevêem que, no futuro, será possível cultivar partes do organismo a partir de células-tronco para substituir tecidos e órgãos envelhecidos. O fígado parou de funcionar? Instala-se um novo, feito sob medida. As células-tronco também poderiam ajudar pacientes portadores de doenças cardíacas, diabetes, artrite, reumatismo e mesmo problemas neurológicos, como Alzheimer e Parkinson.
Menos conhecida do público que as células-tronco, a terapia genética é outra fonte de esperança para os cientistas. Os estudos mais promissores envolvem uma estrutura chamada telômero, pequeno trecho de DNA situado no fim de cada cromossomo, como a ponta do cadarço de um sapato. Cada vez que a célula dá origem a uma nova, perde uma parte do telômero. Quando ele encurta demais, a célula perde a capacidade de se dividir e passa a funcionar com deficiência. Algumas até morrem. Com a utilização de uma enzima, a telomerase, os telômeros podem crescer novamente, devolvendo à célula a capacidade de se replicar. Alguns especialistas apostam na técnica como o elixir da juventude, capaz de prolongar o período de vida útil das células.
O geneticista inglês Aubrey de Grey, da Universidade de Cambridge, tem uma tese ainda mais ambiciosa (leia a entrevista). Para ele, todos os aspectos do processo de envelhecer são causados por sete tipos de dano às células do organismo. Se esses danos forem bloqueados, afirma Grey, a vida poderá ser estendida por um tempo incalculável. E o envelhecimento poderá ser curado como uma doença. "O tratamento vai reverter o que o corpo faz de ruim para si próprio, os efeitos colaterais provocados pelo metabolismo. Assim, será possível prolongar a vida indefinidamente", diz Grey. Sua tese está longe de ser comprovada. Ele afirma que ainda são necessários, no mínimo, 25 anos de pesquisa - e alguns milhões de dólares - para chegar a algum resultado concreto. [full]
Nenhum comentário:
Postar um comentário