segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Buracos negros formam raios cósmicos, diz estudo

via Folha Online



da BBC Brasil

Uma equipe de cientistas descobriu que os raios cósmicos partículas com grande concentração de energia e que se deslocam a velocidades próximas à da luz são provavelmente originados de buracos negros gigantes situados em galáxias vizinhas à Via Láctea.

O estudo realizado por 370 pesquisadores de 17 países, entre eles o Brasil, foi publicado na última edição da revista 'Science'. As conclusões, feitas a partir de pesquisas realizadas no Observatório Pierre Auger, na Argentina, podem solucionar um quebra-cabeças que intriga a ciência desde 1912, quando os raios cósmicos foram identificados.

Ao contrário do que se pensava até agora, as partículas de alta energia que 'bombardeiam' a Terra não seriam provenientes de áreas aleatórias no espaço, mas de áreas ocupadas por galáxias que contêm buracos negros gigantes.

Os estudiosos acreditam que os campos magnéticos em volta dos buracos negros aumentam a velocidade dos raios, o que explicaria a alta concentração de energia das partículas.

Para o professor Carlos Ourivio Escobar, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp e coordenador da parte brasileira do projeto, os primeiros resultados dos estudos realizados na Argentina significam um passo significativo em busca da explicação da origem do universo.

Ao ratificarmos que a radiação não é um fenômeno local e sim cosmológico, estamos relacionando o fenômeno a algo ligado ao princípio do universo. Evidentemente, isso não explica tudo, mas abre caminhos para novas pesquisas que certamente nos trarão esclarecimentos adicionais acerca do assunto", disse o professor, em entrevista ao Jornal da Unicamp.

Ainda de acordo com o professor, a descoberta inaugura a "era da astronomia com raios cósmicos".

"Ao conhecer como as partículas de altíssima energia são naturalmente aceleradas, os cientistas poderão, eventualmente, reproduzir o fenômeno em laboratório, o que inauguraria uma nova fase para o estudo de mecanismos de aceleração", disse Escobar.

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