domingo, 23 de dezembro de 2007

Participação feminina na Bovespa sobe 378% em 5 anos

A quantidade de mulheres que investem em ações na bolsa de valores no Brasil aumentou 378% em cinco anos.

Em 2002, elas eram em 15.030, o correspondente a 17,63% do total de investidores, e de acordo com o último balanço da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em novembro de 2007 já são 71.849 (21,92%) pessoas do sexo feminino contra 255.891 homens que investem nos papéis. Isso sem contar as mulheres que integram os clubes de investimento, pois eles são contabilizados com CNPJ e não como pessoas físicas.

Cada "apostadora" investe pensando em um projeto futuro. Para algumas é a casa e um carro novo, para outras, a aposentadoria ou o estudo dos filhos. Não importa o motivo do investimento, mas sim ter um objetivo. Para a estudante de Direito Zaida Maria de Sousa Chiamello, de 45 anos, aplicar o dinheiro na bolsa é a garantia de uma aposentadoria tranqüila. "Foi a rentabilidade das ações que me atraiu, diferente de um plano de previdência."

Zaida integra o PUCInvest, clube formado por atuais ou ex-alunos, professores e funcionários da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), que tem 53 sócios e desses, 19 são do sexo feminino, mas a idéia surgiu de uma mulher, a professora de Direito Comercial, Maria Lúcia Bressane. No mercado acionário desde março desse ano, o clube já acumula um patrimônio de R$ 200 mil, com uma carteira variada que vai desde ações da novata BM&F (com ações recém lançadas no mercado) até as lucrativas Petrobrás, Usiminas e Taurus (indústria armamentista).

De acordo com Ângela Barros, uma das coordenadoras do Mulheres em Ação, módulo feminino da campanha de popularização "Bovespa Vai Até Você" - que visa aproximar o público feminino da bolsa de valores - o crescimento da participação de mulheres no mercado acionário é conseqüência da disseminação da informação.

O principal objetivo do Mulheres em Ações é desmistificar esse tipo de investimento - muitas vezes encarado como uma loteria ou um cassino, que é preciso muita sorte para ganhar - por meio da educação financeira. "Não é um cassino e não precisa ter muito dinheiro para começar a operar na bolsa. As mulheres são maioria da população e estão gerando renda, além de elas disseminarem a informação É preciso mudar a cultura do consumo."

Os clubes de investimento, de acordo com Ângela, podem ser a saída ideal para quem não tem muita "verdinha" para aplicar. O clube é constituído por pessoas físicas que se reúnem e procuram uma corretora. Nesse caso, existe um representante do clube, que fica em contato com a corretora para transmitir as decisões acordadas entre os participantes. Assim, sempre haverá alguém que vai pensar por você na hora de distribuir as cotas. Para quem já sabe lidar com o mercado acionário, vale investir sozinha, mas é preciso mais atenção.

"O mercado de ações oferece a possibilidade de formação de patrimônio. A primeira coisa antes de investir é se informar muito e nunca colocar todos os ovos na mesma cesta. Diversificar é a palavra-chave", alerta Ângela. Diversificar significa não aplicar tudo em uma única ação e nem todo o patrimônio na bolsa.

Agnes Rossana Magalhães, de 26 anos, é aluna da PUC-Campinas. Ela se formou em Turismo, mas trabalha na multinacional IBM com a negociação de máquinas. Prova de que não é preciso ganhar muito para investir, com um salário de R$ 2.240, Agnes consegue aplicar uma parte todos os meses, as vezes mais, as vezes menos, o que depende do tanto que ela consegue economizar.

"Já teve mês que investi R$ 500,00. Em outros, que não consegui guardar nada e uma outra vez investi R$ 90,00 só para garantir", conta Agnes. Para o ano que vem os planos são mais ambiciosos: o objetivo é aplicar R$ 1 mil todos os meses.

"Quando você tem onde guardar o dinheiro evita de gastar. Se eu vou ao shopping e vejo uma bolsa de R$ 300,00 já penso que são R$ 300,00 a menos que vou investir e não compro. Quando eu não tinha onde colocar, gastava", disse. Agnes pretende retirar o dinheiro aplicado daqui uns cinco anos para "dar uma boa entrada" na compra da casa própria e conseguir sair da casa dos pais sem dívidas ou pagando o aluguel.

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