Um novo biochip capaz de avaliar o impacto de substâncias químicas sobre mais de 1.000 tipos de células do corpo humano poderá reduzir dramaticamente o uso de cobaias vivas no processo de desenvolvimento de novos medicamentos e eliminar totalmente a realização de experiências com animais na indústria química e de cosméticos.
Os testes de toxicidade atualmente exigem o uso de animais para descobrir se um composto químico ou um novo medicamento é tóxico ou não para o ser humano, para outros seres vivos ou para o meio ambiente.
Essa prática, contudo, tem sofrido pressões de dois lados: em primeiro lugar, a quantidade de compostos químicos que precisam ser testados a cada ano tem aumentado exponencialmente, principalmente em razão de novas legislações que exigem que esses testes sejam feitos para uma gama muito maior de produtos e materiais. E, em segundo lugar, tem crescido muito a pressão da sociedade pelo fim dos testes em animais.
O novo biochip pode ser a solução, com a vantagem de permitir que os testes sejam feitos em alta velocidade, em escala industrial. Ele mostra o potencial de toxicidade do composto químico para vários órgãos do corpo humano e se esse composto químico se torna tóxico depois de ser metabolizado pelo organismo, tudo em um único teste."Nós observamos os problemas com que as empresas estavam se deparando e vimos que precisávamos desenvolver algo que tivesse baixo custo, alto rendimento, fosse facilmente automatizável e não envolvesse animais," explica o professor Jonathan S. Dordick.
Dordick foi um dos criadores do Metachip, um biochip desenvolvido em 2005 e capaz de imitar as funções desempenhadas pelo fígado humano (veja Chip biotecnológico imita fígado humano). Agora, ele e sua equipe desenvolveram o novo biochip, que eles batizaram de Datachip.O Datachip é um microlaboratório formado por 1.080 culturas tridimensionais de células humanas. A estrutura 3D replica de forma mais realista a forma como as células se organizam no interior do corpo humano, permitindo a realização de testes mais confiáveis.
Os pesquisadores acreditam que a indústria de cosméticos deverá ser a primeira a receber os benefícios do novo biochip, porque essa indústria tem sido alvo de maiores pressões para o fim do uso de testes em animais.
"Nós ainda continuamos distantes da medicina personalizada, mas o Metachip oferece essa possibilidade no futuro," disse Dordick. "Quando associado ao novo Datachip, os dois biochips poderão um dia ser utilizados para determinar os níveis e combinações de medicamentos que são seguros e eficazes para cada paciente individualmente," disse ele.
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