via Folha Online [Ciência]
CLAUDIO ANGELO [Cold Spring Harbor]
James Watson, descobridor da estrutura do DNA, pai da biologia molecular e polemista profissional, tem uma nova teoria para explicar a suposta genética da inteligência.
Os genes que predisporiam algumas pessoas a habilidades intelectuais elevadas seriam os mesmos que disparam doenças como autismo e esquizofrenia.
Coincidentemente, é essa a hipótese que um grupo de pesquisadores da Universidade do Colorado está desenvolvendo. Os dados foram apresentados na semana passada nos Estados Unidos.
Menos especulativa é a ligação entre cognição e doenças mentais feita pelo grupo de James Sikela (Universidade do Colorado). Ele e seus colegas descobriram uma correlação entre o alto número de cópias de um gene numa certa região do DNA humano e o desenvolvimento do cérebro.
Essa região, dizem outros estudos, estaria também implicada com autismo e esquizofrenia. Os pesquisadores identificaram que uma região instável do genoma chamada 1q21.1 concentrava um número alto de cópias de um gene chamado DUF1220.
Essa instabilidade é "uma faca de dois gumes". "Ela teria permitido mais cópias do DUF1220 e, portanto, teria sido retida na evolução. Por outro lado, essa instabilidade não é precisa, e pode gerar um embaralhamento deletério de sequências.
É por isso que os vários estudos recentes que têm relacionado variação no número de cópias na região 1q21.1 no autismo e na esquizofrenia chamaram nossa atenção: isso se encaixa na ideia de que os indivíduos com essas doenças são o preço que a nossa espécie paga pelo mecanismo que permitiu e permite a geração de mais cópias da DUF1220. [Leia+]
"As sociedades que têm indivíduos com alta cognição, como Einstein e Darwin, se beneficiam. O processo evitaria o expurgo da inteligência -e da esquizofrenia- do "pool" genético dessas populações."
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