via VEJA.com
Depois de seis anos de estudos, descobriu-se que uma única mutação genética é capaz de tornar pessoas totalmente insensíveis à dor.
O gene alvo da mutação é o SCN9A, responsável pela produção dos canais de sódio 1.7, estruturas localizadas nas paredes das fibras nervosas e cruciais no mecanismo da dor.
A descoberta, publicada em 2006 na revista Nature, despertou o interesse da indústria farmacêutica. Quatro laboratórios têm se empenhado em desenvolver um novo analgésico que imite o efeito da mutação – ou seja, bloquear o funcionamento dos canais de sódio 1.7 e, assim, suprimir a dor crônica. Um deles está perto de conseguir.
O laboratório italiano Newron, de Milão, especializado em medicações contra a dor, prevê para 2013 o lançamento de seu novo analgésico, cujo princípio ativo foi batizado de ralfinamide.
Segundo o coordenador da equipe médica do Newron, Ravi Anand, o ralfinamide agirá somente nos canais de sódio 1.7 - ao contrário dos demais remédios, que atingem indiscriminadamente outros canais de sódio existentes nas células, mesmo que eles não tenham relação com a dor.
O remédio está na última fase de testes com humanos, a derradeira antes de ser submetido à regulação das autoridades sanitárias.
Hoje, boa parte das dores crônicas é tratada com medicamentos originalmente indicados para outros fins. Por isso, os pacientes têm de se haver com uma série de efeitos colaterais. [Leia+]
"A opinião geral é que o novo analgésico representará uma revolução. 'Para a maioria das pessoas com dores crônicas, os remédios de hoje proporcionam uma melhora de 60% a 70%. Com o ralfinamide, essa cifra pode chegar perto dos 100%', diz a neurocientista Silvia Siqueira, coordenadora do Laboratório de Sensibilidade do Grupo da Dor do Hospital das Clínicas."
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