O paladar desempenha um papel importante na busca dos animais por nutrientes, estimulando-os a procurar os alimentos mais calóricos. Mas, mesmo na ausência de qualquer estímulo gustativo, o cérebro é capaz de escolher o alimento com mais calorias, de acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade Duke, nos Estados Unidos.
Segundo os autores, o trabalho pode ter importantes implicações para a compreensão de causas da obesidade. Os resultados foram publicados na edição desta quinta-feira (27/3) da revista Neuron, com Ivan de Araújo como primeiro autor. O trabalho contou com a participação de outros brasileiros, entre os quais Miguel Nicolelis, professor titular do Departamento de Neurobiologia da Universidade Duke.
“O estudo sugere que pode ser ineficaz tentar diminuir o consumo de calorias por meio da substituição do alimento por uma versão menos calórica, mas com gosto parecido. Graças aos mecanismos cerebrais que regulam o comportamento ingestivo, a pessoa pode acabar, a longo prazo, preferindo a versão mais calórica”, disse Araújo à Agência FAPESP.
“A recompensa não é o sabor, e sim a caloria. Não surpreende que esses mecanismos cerebrais, de alguma forma, priorizem o aspecto nutritivo e, desse modo, não sustentem o consumo de compostos menos calóricos a longo prazo”, destacou. [Leia+]
"O sistema gustativo provavelmente não existe para dar prazer, mas para ajudar o animal a detectar rapidamente a presença de alimentos calóricos na natureza. Por isso a versão “light” dos alimentos acaba não sendo capaz de ludibriar o cérebro por muito tempo."
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