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via TerraO
planeta Vênus, hoje infernalmente quente e seco, pode no passado ter sido muito mais parecido com a
Terra, abrigando
oceanos e
continentes. Essa é a implicação de um novo projeto de pesquisa que alega ter localizado indícios de
altiplanos graníticos no planeta durante a avaliação de dados obtidos quase duas décadas atrás.
Em 1990, a
espaçonave Galileo, da
Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (
Nasa), detectou emissões de
infravermelho noturnas emanadas da superfície de
Vênus. Ao analisar esses dados, uma equipe internacional de especialistas comandada pelo cientista planetário
George Hashimoto, da
Universidade de Okayama, Japão, constatou que as
regiões elevadas de Vênus emitiam menos
radiação infravermelha que as regiões de terras baixas.
Uma interpretação possível para a presença de emissões de infravermelho menos intensas nas regiões elevadas, dizem os autores do estudo, é que elas sejam compostas em larga medida de rochas conhecidas como
'félsicas', em especial o
granito.
"Trata-se da
primeira prova direta de que, nos
primórdios da história do Sistema Solar,
Vênus era um planeta habitável, com
abundância de água", disse
Dirk Schulze-Makuch,
astrobiólogo na
Universidade Estadual de Washington, em Pullman, que não participou do estudo.
A possível presença de
granito também sugere que movimento de
placas tectônicas e formação de
continentes podem ter acontecido em Vênus, além de
reciclagem de água e carbono entre o manto e a atmosfera do planeta. A implicação da formação de continentes seria "bastante significativa", diz o geofísico
Norm Sleep, da
Universidade de Stanford, na Califórnia.
Hoje,
Vênus é completamente inabitável, com atmosfera formada por
96% de dióxido de carbono e temperatura superficial de cerca de
460 graus. "Qualquer forma de vida em Vênus que não tenha descoberto como
colonizar o alto das nuvens um bilhão de anos depois da formação do planeta estaria em sérias dificuldades", diz Sleep.
[Leia+]"A questão é determinar por quanto tempo Vênus se manteve habitável. Mas isso oferece novo ímpeto à busca de vida microbiológica na atmosfera inferior de Vênus."